Netflix mostra que migrar para digital é duro, mas alternativa é a morte…

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Sep 28, 2011
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Netflix
migrar
digital
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Netflix mostra os desafios da transição digital, alertando os jornais sobre a necessidade de migrar ou enfrentar a extinção.
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Na semana passada, um dos colunistas do GigaOm, Matt Ingram, escreveu uma coluna fazendo uma interessante análise-alerta sobre como a turbulenta transição do modelo de negócios do Netflix é um aviso aos jornais que não sabem como fazer para migrar sua base de assinaturas. O paralelo possível a se fazer é o seguinte: os jornais e a mídia impressa são um paciente que precisa de uma cirurgia de alto risco, sem a qual, a morte é certa.
A comparação de Ingram é mais do que pertinente porque em toda a crítica que está se fazendo à malfadada tentativa do Netflix de separar a operação de DVDs (considerada destinada a morrer num destino próximo) da de streaming é que ninguém critica o Netflix por estar fazendo alguma coisa. "Na história, a maioria dos casos de empresas que fecharam foi porque tentaram mudar muito lentamente; só algumas pereceram porque tentaram mudar com mais pressa do que o necessário", argumentou Reed Hastings, o CEO do Netflix, ao se desculpar com usuários pelos erros em suas manobras estratégicas.
A dificuldade de transição existe porque empresas centenárias têm uma cultura administrativa de reverência à tradição jornalística, seus processos, hierarquias e a famosa síndrome do "nós-somos", que normalmente leva a grandes desgraças financeiras porque o diretor daquele famoso jornal se recusa a aceitar que seu jornal, com décadas de experiência, possa não saber fazer alguma coisa. Há um grande medo dos proprietários em arriscar o que eles enxergam como certo pelo incerto (e da imensa quantidade de diretores incompetentes/ultrapassados/burocratas que vivem de suas conexões políticas). O problema é que o que o status quo considera certo é que seu negócio está dando certo, quando na verdade, o que é certo é que ele vai acabar em breve.
Segundo a Economist, até 2020, a receita de anúncios será 30% menos, a circulação de jornais terá caído em 50% e a receita de classificados terá quase sumido, sendo o equivalente a 10% de hoje. Não estamos aqui fazendo a releitura de uma análise de um pensador marginal e sim da analista mais séria e conservadora da política econômica mundial. Empresas noticiosas fundadas em operações impressas precisam parar de imaginar que podem aguardar a troca de gerações para migrarem suas receitas. Elas vão falir, quebrar, ser compradas por empresas mais ágeis e etc. O mercado de impresso não vai sumir, mas suas receitas serão drenadas furiosamente por outras mais eficientes, com capacidade de atingir nichos com mais precisão e receber demandas de compra por eles.

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